COLABORE

Painel por direitos e justiça socioambiental reflete lutas de comunidades tradicionais

Institucional

Agentes Cáritas discutiram atuação coletiva em defesa da Casa Comum nos territórios tomados por projetos de grandes impactos ambientais

Publicação: 28/11/2023



Cleusa Alves, vice-presidenta da Cáritas Brasileira, Dom Vicente Ferreira, bispo da Diocese de Livramento (BA) e referencial da Cáritas Regional Nordeste 3, Mônica Santos, integrante da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão, em Mariana (MG), e Cristina dos Anjos, assessora nacional da Cáritas Brasileira. 


“Tudo está interligado, como se fôssemos um. Tudo está interligado, nesta Casa Comum”. Esse refrão que embalou o Sínodo da Amazônia é a resposta mais concreta para nosso compromisso social com a ecologia integral, tão reclamada pelo Papa Francisco em seus discursos e na Encíclica por ele escrita, Laudato Si. Envoltos nesta sinergia, agentes Cáritas participaram, na manhã desta terça-feira (28), em Belo Horizonte, do painel ‘Cáritas em Sinodalidade: na luta por direitos e justiça socioambiental’.


A atividade integra a 28ª Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira e agregou reflexões sobre a sinodalidade do ser Cáritas nos diferentes espaços, na sociedade, na missão da Igreja, na participação e comprometimento do povo de Deus, haja vista que todos e todas são corresponsáveis pela vida e missão em comunidade. 



Dom Vicente Ferreira, bispo da Diocese de Livramento (BA) e referencial da Cáritas Regional Nordeste 3, Mônica Santos, integrante da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão, em Mariana (MG), e Cristina dos Anjos, assessora nacional da Cáritas Brasileira. 


Para ressoar o assunto participaram do momento Mônica Santos, integrante da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão, em Mariana (MG); Dom Vicente Ferreira, bispo da Diocese de Livramento (BA) e referencial da Cáritas Regional Nordeste 3, e Cristina dos Anjos, assessora nacional da Cáritas Brasileira. 


A experiência de Mônica Santos revelou a resiliência das comunidades mineiras atingidas por barragens de empreendimentos de exploração de minério no estado: “Os problemas ainda existem para as 56 famílias atingidas pelo desastre. Temos que lutar pela preservação da dignidade, de uma moradia digna e da vontade de permanecer em nosso território, Bento Rodrigues. Essa missão é de todo brasileiro e, praticamente, de todo mineiro, porque se tem uma barragem para todos nós. Como Igreja devemos olhar para quem está do nosso lado", disse. 


O posicionamento reflete também a luta de outros povos pelo Brasil, como destacou Ivanilde Silva, secretária regional da Cáritas Brasileira Norte 2 (Pará e Amapá). Durante o ressoar da plenária, ela trouxe uma denúncia sobre parcerias dos governos com empreendimentos privados: “Existem vários projetos pensados no nosso país, pensados para a Amazônia, e que também se assemelham nesse contexto de Mariana e de Brumadinho, que favorecem investimentos para o grande capital, sem levar em consideração os povos e comunidades que habitam nessas regiões”, questionou. 


Cristina dos Anjos é uma das mulheres negras brasileiras que participou da etapa global do Sínodo dos Bispos, em outubro, no Vaticano, integrando a lista das 70 pessoas escolhidas pelo pontífice — sendo 35 mulheres e 35 homens. Ela trouxe sua experiência de participação no Sínodo e de questões que devemos apresentar nesses espaços, bem como o papel e olhar dos e das agentes Cáritas.


Por fim, Dom Vicente fez uma reflexão sobre onde estamos, o que somos e realizamos enquanto agentes Cáritas, ao fazer a opção pelos pobres. “Quem faz opção pelos pobres terá o destino dos pobres. O destino dos pobres é participar do Reino definitivo de Deus”, concluiu.


Ao final, a “Fila do Povo” fez a plenária ressoar o painel a partir de três perguntas norteadoras: O que a luta por direitos e justiça socioambiental tem nos ensinado sobre o jeito de ser sinodal?; O que é único em nosso jeito de ser sinodal?; O que temos a ensinar sobre sinodalidade?; e Quais os dilemas enfrentamos para a sinodalidade em ser Cáritas?.


A plenária apresentou um debate preocupado com a vida das comunidades tradicionais, agricultores e agricultoras, juventudes e outras populações minorizadas. Para além das preocupações, a certeza de construção de uma rede que se apoia e se acolhe abriu espaço para falas que reforçam o compromisso de todas as regiões com a luta por direitos e justiça socioambiental. A atividade encerrou com a apresentação de Folia de Reis da Comunidade dos Arturos, grupo tradicional de Contagem (MG). 



Folia de Reis da Comunidade dos Arturos, grupo tradicional de Contagem (MG)


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